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Golden Gate - A ponte dos suicídios.

  • Foto do escritor: Babi Lacerda
    Babi Lacerda
  • 22 de mar. de 2019
  • 5 min de leitura

A Golden Gate Bridge foi construída em 1937, localizada no estado da Califórnia (Estados Unidos) sobre o estreito Golden Gate, na região metropolitana de São Francisco, ligando São Francisco a Sausalito. É o principal cartão postal da cidade e considerada uma das Sete maravilhas do mundo moderno pela sociedade americana de engenheiros civis.

Seu comprimento é de 2.7327 metros e sua altura máxima chega a 227 metros, estima-se que por dia, 100 mil veículos trafeguem por ali. Na época a ideia de uma ponte cruzando o Golden Gate, era algo inconcebível, devido aos fortes ventos e correnteza, mas no início do século XX, após o terremoto de 1906, a cidade de São Francisco, precisava ascender sua economia.

Para isso, ela precisava se conectar ás cidades vizinhas e essa necessidade, gerou a Golden Gate Bridge, que começou a ser construída em 1933, tendo como engenheiro responsável o Alemão Joseph Strauss, que era especialista em construções de ponte levadiças, mas nunca havia construído uma com a magnitude da Golden, mesmo assim, ele assinou contrato com a prefeitura.

Strauss enfrentou muitas críticas e alguns problemas com a Ferry, empresa que tinha controle exclusivo dos transportes entre São Francisco e Marin Country, tanto que sua proposta já havia sido aceita desde 1922, porém, só se concretizou em 1933.

Os trabalhadores fizeram uma dieta especial para aliviar a tontura, usaram cremes para proteger dos ventos fortes e Strauss se preocupava muito com a segurança deles. Sempre com cabos e capacetes e o mais óbvio, uma gigantesca rede de proteção debaixo da ponte.




Mesmo com todo esse cuidado, 11 trabalhadores morreram e 19 foram salvos pela rede de proteção. Fundaram até um clube chamado Halfway to Hell (em tradução direta, metade do caminho para o inferno).

Infelizmente a Golden Gate Bridge é um dos locais onde mais se registrou suicídios no mundo, cerca de 1700 pessoas, desde sua construção. Em 2013 registrou-se 46 suicídios, foi o recorde.

Dentre todos os suicídios ali cometidos, 4 corpos nunca foram encontrados, 75 pessoas potencialmente suicidas, foram retiradas do parapeito da ponte e apenas 1% sobreviveu a queda de 70 metros livres. É um número baixo, visto que a pessoa atingi uma velocidade de 130km/h, sendo assim, o impacto é praticamente fatal.

Em 2004 Eric Steel produziu um documentário chamado “A ponte”, é um documentário triste e foi considerado por muitos um snuff-movie disfarçado de documentário. Ele filmou durante 1 ano as pessoas que passavam por ali e eventualmente se matavam. Nessa época a média foi de 1 suicídio a cada 15 dias.

Para conseguir as autorizações necessárias, Steel mentiu para as autoridades, alegando ser um documentário sobre a relação da ponte com a cidade e sua arquitetura.

A abertura do documentário já nos causa um impacto logo de cara, pois entre a multidão que vem e vai pela ponte, vemos um senhor, aparentemente com seus 60 anos, camiseta verde e boné vermelho, um vovô cheio de estilo, alguém completamente fora do estereótipo do suicida.

Ele fica parado ali como quem não quer nada, depois de um tempo ele passa as pernas para o outro lado da grade e se lança em uma queda-livre, onde é possível ver o seu boné voando de sua cabeça e o giro final de seu corpo, isso nos primeiros 4 minutos do documentário.




Um dos aspectos mais interessantes do documentário é que ao mesmo tempo que temos uma visão imparcial das pessoas que decidiram colocar um fim em suas vidas, temos também a visão dos parentes, amigos e namoradas de cada um deles, nos permitindo criar um perfil, ainda que superficial dessas pessoas.

Nem todas as histórias acabaram em suicídio, como a garota dessa foto aqui. Um rapaz estava na ponte, batendo fotos, e então registrou a tentativa de suicídio dessa garota, ele diz que demorou para perceber que precisava intervir, mas o fez, a puxando pelo casaco e chamando a polícia logo em seguida.


Não se sabe o que aconteceu com a garota após o ocorrido, mas naquele dia, ela sobreviveu.

Outra história que abala muito é a de um garoto de 17 anos Kevin Hines, ele matou a aula e foi até a ponte, ficou ali por 40 minutos chorando e ninguém parou para saber o que estava acontecendo, então surgiu uma senhora com sotaque, turista provavelmente.

A senhora perguntou se ele poderia tirar uma foto dela, o rapaz o fez e em seguida lhe desejou um bom dia e se jogou, porém, ele faz parte daquele 1% que sobreviveu, ele diz que assim que seus dedos soltaram, ele percebeu que não queria morrer e tentou cair do melhor jeito possível.




Melhor jeito possível? Ele se machucou muito, como ele mesmo diz no documentário, ele se arrebentou inteiro, mas por incrível que pareça, não teve sequelas. Podemos chamar de sorte? Ou segunda chance?

A pessoa que mais impressionada, ao meu ver é o Gene Sprague, se fosse um filme, ele seria o protagonista dessa triste história. Sua morte encerra o documentário.

Enquanto todos se jogam de uma forma mais estabanada e até relutante, Gene Sprague se joga de costas, com os braços abertos, como se finalmente tivesse encontrado algum tipo de conforto e paz. Triste, eu sei, mas poético de certa forma.





O documentário é denso, sem trilha sonora, seco, basicamente mostrando os suicídios e os amigos e parentes falando sobre a falta que sentem, sobre as tentativas de ajuda, sobre nunca terem percebido nada.

Steel foi antiético, completamente controverso, visto que os jornalistas não costumam relatar com clareza ou profundidade essa questão, há inclusive um consenso não oficial entre eles, sobre não noticiar com detalhes, não documentar e etc.

Eu gosto de pensar que ele foi ousado e quis deixar a história das pessoas falarem por si próprias, sem a intervenção ou o julgamento de um cineasta.

Atualmente, as coisas mudaram um pouco, apesar de ainda ser um tema bem velado, mas Steel, mesmo de maneira duvidosa ao criar o documentário, consegue mexer com as pessoas e nos faz perguntar o tempo todo:

“Será que estou atenta aos sinais dos meus próximos? ”, “Será que meu filho pode estar com depressão e eu afirmo ser frescura? ”, “Será que dedico meu tempo a quem amo da maneira correta? ”, “Será que me importo de verdade com o próximo? ”.


E deixo a pergunta para você, leitor: Será?


Em 2008 foi aprovada a instalação de uma rede de aço inoxidável e barreiras como forma de prevenir os suicídios, porém o financiamento para tal feito, era um obstáculo, até que o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assinou uma lei permitindo que a obra pudesse ser bancada com ajuda de recursos federais. Essa obra tem previsão para ser concluída neste ano, 2018.

Atualmente a ponte também conta com telefones públicos, não é nem preciso discar, é só tirar o telefone do gancho que ele se conecta diretamente a um consultor, que vai tentar impedir a pessoa de tomar uma decisão tão triste. Acima de cada telefone, um aviso: “Quando parece não haver mais esperança, ainda há ajuda”


Curiosidade: A Golden Gate Bridge tem uma quantidade tão grande de arames formando seus cabos, que poderiam dar a volta ao mundo 3 vezes.

“Nenhuma alma, nenhuma alma a mais será perdida para a ponte” (Kevin Hines, um dos sobreviventes)

O documentário foi removido do Youtube recentemente, talvez ainda tenha pela internet, mas achei melhor não compartilhar, ele pode ser bem incômodo para algumas pessoas.



 
 
 

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